Edição
de Imagens em ambiente GNU/Linux
Introdução
Ao
contrário do que muitos pensam, é possível trabalhar com edição de imagens em
ambiente Linux, pois existem softwares livres especializados similares aos
softwares proprietários como, por exemplo, o Adobe Photoshop, que pode ser
substituído pelo GIMP – que aceita os mesmos filtros, pincéis e plugins e o
Corel Draw ou Adobe Illustrator, que podem ser substituídos pelo Ikscape – que
possui os mesmos recursos e aceita os mesmos filtros e plugins, sem perder
funcionabilidade e como adicional são mais leves que os softwares
proprietários, e podem ser ajustados de acordo com a necessidade do usuário.
Veja
abaixo os principais softwares livres para edição de imagens, que funcionam
tanto em ambiente Linux quanto Windows.
GIMP
GIMP (GNU Image Manipulation Program)
é um programa de código aberto voltado principalmente para criação e edição de
imagens raster, e em menor escala também para desenho vetorial.
História
O projeto foi criado em 1995 por Spencer Kimball e
Peter Mattis, quando desenvolveram o mesmo como um projeto para a faculdade.
Atualmente, ele é mantido por um grupo de voluntários e licenciado sob a GNU
General Public License.
O GIMP foi criado pelos estudantes como uma
alternativa livre ao Adobe Photoshop. Foi um projeto universitário que amadureceu
bastante e hoje alcança expressiva popularidade, sendo utilizado por hobbistas e
profissionais. No entanto, a participação no mercado de ferramentas de edição
profissional ainda é tímida (em contraste ao Adobe Photoshop). Os principais
fatores que contribuem para isso são:
§ O GIMP
ainda não possui suporte nativo ao modo CMYK, usado como formato para
impressão. Isso limita a área de atuação do programa no setor gráfico
profissional, tornando-o indicado apenas para trabalhos digitais que utilizam
apenas o modo RGB.
§ Pelo fato
de ser distribuído gratuitamente, ele não inclui licenças para as cores
Pantone, usadas largamente pelos profissionais gráficos como referência para
garantir precisão de cor em materiais impressos.
§ Até o
início de 2004, a plataforma GTK usada pelo GIMP não se apresentava bem no
Microsoft Windows. O melhor suporte ao GTK aumentou a adoção por usuários do
ambiente Windows, bem como outros programas que também utilizam GTK, como o
Inkscape.
§ Apenas
recentemente a plataforma GTK para Mac OS X ganhou suporte nativo. Versões
anteriores do GIMP faziam uso do X11, tornando o programa pouco integrado ao
restante do sistema.
Nome
A sigla GIMP originalmente significava General Image Manipulation Program; em 1997, foi
mudado para GNU Image Manipulation Program. Ele é integrante
oficial do Projeto GNU.
Mascote
Wilber é o mascote oficial do
projeto GIMP. Wilber foi criado em 25 de Setembro de 1997 por Tuomas Kuosmanen,
conhecido como "tigert". Ele recebeu ajuda de outros desenvolvedores
do GIMP, que podem ser vistos em Wilber Construction
Kit,
incluso no código fonte do GIMP em /docs/Wilber_Construction_Kit.xcf.gz. O mascote Wilber foi
desenhado utilizando-se o próprio GIMP. Wilber já foi editado várias
vezes,aparecendo com pincel na boca,em formato de balão,com chapéu,etc.
Inovação
O GIMP foi um dos pioneiros em relação a projetos de
código aberto voltados a usuários finais. Outros projetos famosos, como o GNU
Compiler Collection ou GCC, ou o Linux, foram voltados principalmente a
desenvolvedores. O GIMP foi a prova de que projetos de código aberto poderiam
gerar produtos voltados a usuários finais, abrindo um precedente ao que levaria
ao desenvolvimento de outros projetos voltados ao usuário desktop mercado como
GNOME, KDE, Mozilla entre outros.
GIMP utilizava o que hoje é conhecido como GTK como base
para construção de sua interface. Na verdade, a biblioteca GTK foi
originalmente extraída do trabalho efetuado na interface gráfica durante o
desenvolvimento do GIMP. Apesar de GIMP e GTK terem sido originalmente
desenvolvidos para o X Window System, foram posteriormente portados para
Microsoft Windows, OS/2 e Mac OS X.
A partir da versão 2.6, o GIMP passou a adotar uma nova
biblioteca chamada Generic Graphical Library (GEGL), com o objetivo de trazer
suporte a formatos de arquivo com maior profundidade de bits e edição
não-destrutiva.
Film GIMP / CinePaint
Film
Gimp, agora conhecido como CinePaint, é uma ferramenta desenvolvida para
pintura e retoque de quadros de filmes cinematográficos, usando um gerenciador
de cenas onion skinning. Ele também oferece uma profundidade de 16 bits por
cor, enquanto a versão atual do GIMP é limitada a apenas 8 bits. Ele foi um
fork da versão 1.0.8 do GIMP.
Características
Utilização
O GIMP possui os recursos para ser
utilizado na criação ou manipulação de imagens e fotografias. Seus usos incluem
criar gráficos, logotipos, redimensionar fotos, alterar cores, combinar imagens
utilizando camadas, remover partes indesejadas e converter arquivos entre diferentes
formatos de imagem digital.
Assim como o uso interativo, o GIMP pode ser manipulado
através de scripts. Existe suporte a Scheme ou Scheme (ScriptFu), Perl, Python,
Tcl, Ruby (linguagem de programação) ou Ruby, e programas capazes de executar
comandos UNIX. Isso permite, por exemplo, produzir imagens para uma página web
utilizando scripts Common Gateway Interface ou CGI, ou realizar edições (como
correção de cor ou redimensionamento) de imagens em lote.
Formatos
O
formato de arquivo nativo do GIMP é o XCF, que conta com suporte a camadas.
Também é possível editar imagens nos formatos SVG, Ico, BMP, PSD, GIF, JPG,
PNG, TIF e diversos outros.
Inkscape
Inkscape é
um software livre para editoração eletrônica de imagens e documentos vetoriais,
uma versão mais avançada do antigo sodipodi o qual deu-se origem, tratando-se
de um fork de sucesso. Utiliza o método vetorial, ou seja, gera imagens a
partir de um caminho de pontos definindo suas coordenadas, de forma
transparente ao usuário. Imagens vetoriais são, geralmente, mais leves e não
perdem a qualidade ao sofrer transformações, como redimensionamento ou giro, em
oposição aos desenhos bitmap.
Este software trabalha nativamente formato
SVG (Scalar Vectorial Graphics), um formato aberto de imagens vetoriais,
definido pela W3C, organização definidora de padrões criados por Tim Berners
Lee, o pai da moderna Internet. O SVG é uma subdefinição (DTD) da linguagem
XML.
O aplicativo também exporta para PNG, importa
vários formatos como por exemplo: TIFF, GIF, JPG, AI, PDF, PS, entre outros.
Você pode também salvar seu documento em qualquer um dos formatos que ele
importa, além do SVG que é o seu formato padrão.
Interface
Gráfica
O time de
desenvolvimento do Inkscape intenciona manter uma interface simples, porém
extensivel, facilitando o uso do iniciante e do profissional.
Efeitos (criados em virtualmente qualquer
linguagem) extendem o menu do Inkscape. Atualmente os desenvolvedores estão
trabalhando na implementação de janelas encaixaveis, como já é possível no
GIMP.
Imagens bitmap incluidas no desenho não são
diretamente incorporadas ao SVG, elas são referências a arquivos externos, como
acontece no HTML, entretanto o usuário pode usar o efeito "Embed All
Images" para incorporar os bitmaps ao arquivo SVG.
Ele trabalha com edição de nós,
transparência, anti-aliasing, textos, degradés, vetorização, múltiplas camadas
e todos os recursos necessários para desenho vetorial.
É um software relativamente novo que conta
com um bom time de desenvolvedores, e um desenvolvimento ultra-rápido. Tem o
grande potencial de, em breve, concorrer em pé de igualdade com grandes
softwares vetoriais do mercado, como o Corel Draw e o Illustrator, ambos
softwares proprietários.
Modo
Texto
O Inkscape também implementa uma
interface textual para viabilizar conversões de formatos ou obtenção de
informasões de elementos SVG via linha de comando. Essa funcionalidade permite
a automação de tarefas como a criação de imagens para preview de diversos
arquivos SVG. No GNU/Linux e outros UNIX o comado seria assim:
for arq in *.svg; do inkscape -e
"$(basename "$arq" .svg)_preview.png" -h 100
"$arq"; done
Para exportar o preview de apenas
um arquivo (em qualquer SO) faça:
inkscape -e imagem_preview.png -h
100 imagem.svg
Alguns dos argumentos que o
Inkscape aceita pela linha de comando são:
- -e : exportar PNG
- -d : define a DPI de
exportação (o padrão é 90)
- -a : define a área a ser exportada
(o padrão é a página)
- -w e -h : definem largura e
altura do PNG exportado
- -i : exportar apenas a área
do elemento com tal identificador
- -P : exportar arquivo PS
- -A : exportar arquivo PDF
- -W e -H : informa a largura
e altura do desenho ou elemnto se identificado
Mais informações de uso e outros
argumentos, veja inkscape –help
Blender
Introdução
O Blender foi concebido em dezembro de 1993 e se
tornou um produto utilizável em agosto de 1994 como uma aplicação integrada,
que permite a criação de uma ampla gama de produtos 2D e 3D. Blender fornece um
amplo conjunto de recursos de modelagem 3D, texturização, iluminação, animação
e pós-processamento de vídeo e desenvolvimento de jogos 3D, integrando todas
essas funcionalidades em um único pacote.
Por meio de sua Arquitetura Aberta, Blender fornece
interoperabilidade entre plataformas, extensibilidade, exigindo muito pouco do
poder de processamento do computador, e um fluxo de trabalho totalmente
integrado. Blender é um dos mais populares aplicativos Open Source Gráfico 3D
no mundo. Destinado a nível mundial á profissionais de mídia e artistas, Blender
pode ser usado para criar visualizações 3D, bem como vídeos de qualidade para a
TV e o cinema, enquanto que a incorporação de um motor 3D em tempo real permite
a criação de conteúdo 3D interativo para a reprodução de stand-alone.
Originalmente desenvolvido pela empresa 'Not a
Number'(NaN), Blender é agora "Software Livre", com código fonte
disponível sob a licença GNU GPL. Atualmente é desenvolvido pela Blender
Foundation sediada na Holanda.
Características principais :
- Suite de criação totalmente
integrada, oferecendo uma ampla gama de ferramentas essenciais para a
criação de conteúdo 3D, modelagem, incluindo mapeamento UV, texturização,
rigging, skinning, animação, simulação de partículas, scripts,
renderização, composição, física, pós-produção e criação de jogos;
- Software de plataforma
cruzada, com uma uniforme interface gráfica OpenGL em todas plataformas,
pronta para todas as versões do Windows (98, NT, 2000, XP, Vista, 7),
Linux, Mac OS X, FreeBSD, Irix , Sun e vários outros sistemas
operacionais;
- Arquitetura 3D de alta
qualidade que permite a criação de um rápido e eficiente fluxo de
produção;
- Mais de 200 mil downloads
(usuários)de cada versão a nível mundial ;
- Apoio da comunidade de
usuários e fóruns para perguntas, respostas e crítica [BlenderArtists] (em
inglês), [BlenderBrasil] (em Português) e serviços de notícia
em [Blender
Nation];
- Executável pequeno de fácil
distribuição, funciona mesmo a partir de pen drives ;
Modelagem no Blender
O Blender pode ser utilizado em qualquer área que seja
necessária a geração de modelos tridimensionais, geração de imagens
renderizadas, animação e jogos. Podemos citar aplicações em arquitetura, design
industrial, engenharia, animação, produção de vídeo, e desenvolvimento de
jogos, graças ao seu motor de jogo embutido. Esta característica pode ser
ampliada e agilizada com o uso de scripts em Python. Como modelador, foi
recomendado pela Peugeot, para ser usado em seus concursos de design de carros,
o Peugeot Design Contest.
O Blender possui também uma ferramenta chamada Sculpt,
que possibilita trabalhar com modelos como se estivesse os esculpindo, semelhantemente
ao modelador ZBrush.
Motor de jogo
Blender
Game Engine, também conhecido como BGE, Game Blender ou Ketsji, é o motor de
jogo do Blender. O Blender Game Engine usa OpenGL para os gráficos, OpenAL para
som 3D, Bullet para física e detecção de colisão, e Python para scripts. Existe
um plugin, chamado Echo Plugin, que permite integração dos gráficos do OGRE com
o Blender Game Engine. O uso do motor de jogo do Blender pode servir para
diversas coisas, desde criação de jogos, apresentações, realidades virtuais,
planejamento arquitetônico, a auxílio em animação (usando a física para dar
movimentos mais reais aos objetos).
Formatos suportados
O Blender consegue ler e escrever muitos formatos de
arquivos, sendo eles renderizáveis, ou modelos tridimensionais. O formato
padrão do Blender é o Blender .blend File (.blend).
Formatos bidimensionais
Os seguintes formatos renderizáveis (2D e 3D) são
suportados:
Ø
Imagens
::
·
Windows
Bitmap (.bmp)
·
DirectDraw
Surface (.dds)
·
Iris
(.rgb)
·
Portable
Network Graphics (.png)
·
JPEG
(.jpg)
·
JPEG
2000 (.jp2)
·
Truevision
TGA (.tga)
·
Cineon
(.cin)
·
DPX
(.dpx)
·
MultiLayer
e OpenEXR (.exr)
·
HDRI
(.hdr)
·
Tagged
Image File Format (.tiff)
Ø Vídeos
·
Audio Video Interleave (.avi)
·
H.264 (.mp4)
·
MPEG-1 (.mpg)
·
MPEG-2 (.dvd)
·
MPEG-4
(.mp4)
·
Theora
(.ogg, .ogv)
·
XviD (.mpg)
É possível ainda, criar imagens animadas, como GIFs
animados, utilizando o Blender em conjunto com o GIMP. Modela-se e renderiza-se
os quadros da animação, e em seguida as junta em sequência, usando o GIMP, e as
salva como um único arquivo. Imagens para qual o Blender não dá suporte, podem
ser conseguidas usando o mesmo método.
Formatos tridimensionais
O Blender, por ser um modelador 3D, suporta formatos de
modelos tridimensionais, tanto para importação (abre modelos para edição),
quanto para exportação (salva modelos para serem abertos por outros
modeladores). Através de scripts, é possível exportar para/importar de outros
formatos que ainda não são suportados oficialmente. Além do formato padrão, os
seguintes formatos de modelos tridimensionais também são suportados:
·
3ds
Max file (.3ds)
·
AC3D
(.ac)
·
Autodesk
Drawing eXchange Format (.dxf)
·
Autodesk
FBX (.fbx)
·
Autodesk
Softimage (.xsi)
·
Cal3D
(.cfg, .xaf, .xmf, .xrf, .xsf)
·
COLLADA
1.3.1 e 1.4 (.dae)
·
DEC
Object File Format (.off)
·
DirectX
(.x)
·
LightWave
(.lwo)
·
LightWave
Motion (.mot)
·
M3G (.m3g, .java)
·
MD2 (.md2)
·
MDD
(.mdd)
·
MilkShape
3D (.ms3d, .txt)
·
Motion
Capture (.bvh)
·
OpenFlight
(.flt)
·
OpenInventor (.iv)
·
Paths (de 2D para 3D, em forma de linha)
(.svg, .ps, .eps, .ai, .gimp)
·
Pro
Engineer (.slp)
·
Quake
3 (.map)
·
Radiosity
(.radio)
·
RAW
Image File (.raw)
·
Stanford
PLY (.ply)
·
STL
(.stl)
·
TrueSpace (.cob)
·
VideoScape (.stl)
·
VRML 1.0 e VRML97 (ou VRML 2.0) (.wrl)
·
Wavefront
OBJ (.obj)
·
X3D Extensible 3D (.x3d)
·
xfig export (.fig)
Comparação com outros
programas 3D
O Blender é um programa de código aberto, que está em
constante evolução. Contudo, o Blender já pode ser comparado, em alguns
aspectos, com programas high-end comerciais, tais como 3ds Max, CINEMA 4D,
LightWave, Maya, Rhino3D, Autodesk Softimage e ZBrush, onde tem algumas
vantagens sobre eles, como também algumas desvantagens. O Blender vem como um
pacote de ferramentas para criação de conteúdos tridimensionais.
Conclusão
Existem diversos outros softwares livres para edição de
imagem em Ambiente Linux e diversos tutoriais disponíveis na web, tanto em
português quanto em inglês, além de uma ampla comunidade de usuários em
prontidão para sanar todas as eventuais dúvidas que o usuário iniciante tiver.
Os softwares também contam com uma vasta gama de recursos e soluções práticas
para facilitar ainda mais a imersão do usuário no mundo dos softwares livres.
Logo, o uso do Linux para edição de imagens é totalmente possível.